EX- JOGADOR, EX-PRESIDENTE
UM NOME QUE PERDURARÁ NA MEMÓRIA DOS SÓCIOS.
REPAREMOS NA MOLDURA HUMANA QUE ENTÃO SE VIA NO ESTÁDIO DO VARZIM (NUM VARZIM/ACADÉMICA). SIMPLESMENTE IMPRESSIONANTE!
FRANCISCO TROINA, UM POVEIRO DA CAUSA VARZINISTA. ÍMPAR NA DISPONIBILIDADE AO CHAMAMENTO VARZINISTA, APESAR DAS SUAS LIMITAÇÕES.
VERÃO QUENTE NA PRIMEIRA DESPROMOÇÃO DO VARZIM AO SEGUNDO ESCALÃO MAIS IMPORTANTE DO FUTEBOL PORTUGUÊS.
Recordo-me como se fosse hoje. O conturbado ano em que o Varzim foi despromovido pela primeira vez, ao cabo de 13 anos entre os grandes, voltando a militar no então designado Campeonato Nacional da 2ª. Divisão - Zona Norte!
Na última jornada daquela época 75/76, o Varzim deslocou-se a Penafiel, com este já com a manutenção assegurada e o clube poveiro a depender só dele. Em Lisboa os Belenenses faziam figas para que os alvi-negros não "passassem" em Penafiel!
A cidade da terra das albardas, foi inundada, manhã cedo por uma avalanche de adeptos do Varzim (naqueles tempos, coisa mais natural deste mundo!) que não hesitaram em com o seu incentivo ajudar à concretização da tão almejada vitória.
O Penafiel, revelação daquela temporada, e que tinha como treinador-jogador o famoso António Oliveira (que não jogou), penafidelense de nascimento (agora tem que se dar esta achega), fez um jogo, que não sendo de entregar de mão beijada a vitória, comportou-se de uma maneira "afável", com "vias verdes" e tudo!... Estive atrás de uma das balizas que tinha na rectaguarda um pinheiral bem denso. Os jogadores que jamais esquecerei desse jogo e que muito fizeram desesperar e encher o coração de fortes emoções, com um stress (naquele era palavrão que não se usava em Portugal) de fazer "rebentar" os muitos adeptos poveiros presentes!
O Varzim dominou, sem ser preciso fazer mais do que levar a bola para junto da área e rematar de todas as maneiras e feitios, mas não havia maneira da bola ser enviada para dentro de uma baliza, mais do quer à mercê... Assisti inclusive a um atraso de bola propositadamente infantil, de um central de nome Manuel Correia (na época seguinte iria para o Sporting) a isolar Ricardo Formosinho e este já com o keeper por terra e a parecer "dizer" marca... o "Formo mas não seguro" jogador alvi-negro, sem tirar os olhos do chão, atira a bola para a baliza... mas para fora! O Árbitro já tinha o apito na boca para finalizar o jogo! Com aquele golinho o Varzim ter-se-ia mantido na 1ª. Divisão!
Resultado: uma debandada do Estádio 25 Abril, com os penafidelenses nem contentes nem tristes - alguns chegaram a torcer para que o Varzim marcasse! - e uma multidão de adeptos varzinistas, com os rostos cobertos de lágrimas, perante aquele pesadelo da condenação irremediável. Já fora do Estádio, vimos entre eles duas personalidades bem conhecidas, de braço um por cima do outro, chorando como crianças, de raiva e de conforto mútuo... Eram eles Francisco Troina e Lídio Marques. O primeiro liderava uma Comissão Administrativa e o segundo era Chefe do Departamento de futebol, uma figura já com créditos firmados e trabalho reconhecido dentro do clube sob a presidência do Padre Manuel Vaz.
A vida do clube não podia parar e naquele Verão quente, foi marcada uma Assembleia Extraordinária no antigo Grémio (por trás da estátua do Eça de Queiroz). A sala estava abarrotar de sócios e não sócios, num clima de exaltação ao rubro e toda a gente com o "volume de som no máximo", e recordo-me que a páginas tantas há um sócio que pede a a vez para falar à Assembleia. Era sócio que tinha um negócio no mercado, conhecido por colcheteiro. Toma a palavra depois de muito a custo conseguir que ouvissem, disse: "a minha primeira proposta vai no sentido que aos jogadores só seja pago ordenados, a título de prémio, desde que ganhassem os jogos!"
As reacções fizeram-se ouvir: - Alguns tímidos apoios mas a maioria, logo gritou "isso não é possível no futebol profissional, oh palhaço! Vai vender alfinetes e colchetes... Seguiu-se um chorrilho de impropérios ofensivos da dignidade da pessoa que só queria ajudar, na sua boa fé.
Até que no meio daquela barulheira, num rodilhão de opiniões dadas todas ao mesmo tempo, e sempre cada um a querer falar mais alto do que outro (autêntica Torre de Babel!), ouve uma voz de todos conhecida e que em tom firme, replica: - "atenção, muita atenção meus amigos! Isto não a feira da Ladra, nem pouco mais menos! Vamos dar dignidade a esta assembleia, a dignidade a que o Varzim tem direito! É preciso cumprir a Ordem de Trabalhos de uma forma organiza e serena! Estamos entendidos?!
O barulho deu lugar ao murmúrio. Os presentes rapidamente perceberam que só de uma forma ordeira se poderia chegar a uma conclusão a bem do clube. E o melhor que foi conseguido foi marcar nova assembleia, já com a decisão de nela ser designada uma Comissão Administrativa. Comissão esta que veio a ser liderada por Francisco Troina primeiro, e depois por Lídio Marques.
Em 77/78 salvo erro, o Varzim com um plantel de luxo, é campeão nacional da 2ª. Divisão, subindo com 16 ou mais pontos de distância do segundo. Um plantel onde pontificam grandes nomes do futebol e outros que seriam grandes craques da Selecção Nacional como Lima Pereira e André. Uma Direcção fortíssima e uma equipa técnica liderada pelo mítico António Teixeira.
Que saudades destes retalhos da vida do Varzim daqueles tempos. De grande superação de situações difíceis! Que sirva de exemplo, adaptado claro, ao mau momento por que atravessa o Clube... E OS MEIOS MATERIAIS AO DISPÔR SÃO MUITO MELHORES!
Aqui fica esta singela homenagem a quem merece.
ALA-ARRIBA-VARZIM!
5 comentários:
Ainda bem que há quem se lembre de contar aos mis novos episódios da vida deste clube.
Francisco Troina, foi atleta do Varim até surgir a 2ª. guerre mundial, altura em que muitos campeonatos pararam e muitos poveiro fugiram para o Brasil ganhar os cruzados e depois com ele construiam cá atenticos palecetes.
É com toda a justiça a homengam que fazem a francisco Troina, que era um poveiro e empresário de construção civil.Era um presidente de proximidade, um "homem do povo", pois não varias vezes o encontravamo a conversar sobre o Varzim, quando ia tonar o seu lanche após os seus lanche ao Predilecto. E falava sem pejo nenhum. Discordava e concordava. Normalmente acabava por dizer: "isto tira-me o sono..."
Escrtos assim, são precisos para a juventude, a quem muito mmal esta cotada a história do clube. Para quando um livro actualizado para consumo dos que têem a curiosidade de conhecer melhor este histórico clube?
uma empresa, um clube, uma instituição, que defina ojectivos, alicerçados a preceito, só tem que reunir os ums bons executantes dos planos traçados. MAS NÃO PODEM ESTAR ASSENTES EM IDEIAS APENAS E, MAS NÃO FUNDAMENTADAS E PRATICÁVEIS. A escolha dos executantes do projecto é importante. Um bom arquitecxto, se náo tivere bons colaboradores que dêm corpo ao seu projecto viábel, ele perecerá...
Uma boa unidade hotelaria pode ter os melhores spams do mundo, mas se as ementas cheirarem mal... lá se vão os spms. Uma analogia: que adianta ter bons ingredientes se o cozinheiro (treinador) conzinha pior que a mamuda da badalhoca da Boavista?
Que adinata ter ums jogadores jeitosos, mas com o treinador colocar os bois nos lugares errado?... Ainda no Domingo passado se viu isso.
Entretanto vamos ouvindo:- "Sobe sobe balão sobe..." Aliás tenho pena deste jovem treinador porque optou por começar mal... Olhem o Chló, O Rui Bento, o Azenha (só a TV o conhecia...), o alvaro magalhães, O Campos de Espodende, o queixinho do Toni e até o Horácio Gonçalves que levou o Varzim da 3ª. à 1ª. Divisão!
aTÉ QUE APARECERAM OS CASTROS E TUDO MUDOU PARA PIOR. uMA DESCIDA, COM UM PLANTEL QUE NA ÉPOCA ANTERIOR TINHA CONSEUIDO SER A REVELÇÃO NU 5º. LUGAR, COM O cALISTO À FRENTE. fORAM MAIS 12 OU TREZE ANOS NA 2ª. b E NA lIGA DE HONRA, ANDANDO O vARZIM A JOGAR EM TERRAS DE BÊBADOS E CAMPÓNIOS.
F. Troina foi o último a sair do estádio, estando longo minutos, após o jogo terminar, sentado atrás da baliza, chorando, não querendo acreditar no que estava a acontecer. Mais tarde pudera constatar que Formosinho falhara propositadamente o golo (era só empurrar), porque já tinha contrato para a época seguinte com o Amora que desceria de Divisão se o Varzim ganhasse ao Penafiel.
As histórias de vida que o futebol proporciona e que muitos dos "novos", naturalmente, desconhecem. E se ninguém lhes contar...
Ao ler o que o comentador da 1:48 escreveu, é digno de constar na história do nobel Varzim, retratando fielmente, um dos momentos mais tristes dos adeptos alvi-negros, (especialmente os presentes) e, ao mesmo tempo recordando um poveiro e varzinista dedicadíssimo ao clube. Tal como outras personalidades de vulto que serviram o clube, que a sua alma descanse em paz, onde quer que esteja.
Já a questão do frete do Formosinho, penso que nunca se chegou a provar... Mas que a suspeita ficou a pairar, ficou! Como outras...
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