"UM VARZIM" QUE ENTUSIASMAVA QUEM O VIA JOGAR
ÉPOCA 79/80
Em pé: João, Cacheira, Waschington, Albino, Freitas e Guedes;
Abaixados: Jarbas, Pinto, Vilaça, Genildo e Horácio.
UMA DAS VÁRIAS EQUIPAS "DE LUXO"!...
QUE SAÚDADES MEU DEUS!!!
ESTA PUBLICAÇÃO É DEDICADA COM TODO O GOSTO AOS QUE CONHECEM MAL A HISTÓRIA DESTE MARAVILHOSO CLUBE DA MAIS BELA CIDADE DO LITORAL PORTUGUÊS, DE SUA GRAÇA, VARZIM SPORT CLUB, E AOS QUE CONHECENDO-A MELHOR DO QUE NÓS, GOSTAM DE A REVER.
Sabia que a melhor classificação de sempre foi um (5º) quinto lugar em 1978/79, na então I Divisão Nacional?
Querem saber mais sobre o Varzim?!
De 1935/36 até estes nossos dias - no ano dito da graça de 2000 -, ao longo de 66 campeonatos nacionais da I Divisão (incluindo os quatro da Primeira Liga), 64 clubes inscreveram o nome entre os participantes. No rol há, apenas três totalistas: Benfica, Sporting e F.C.Porto, seguindo-se por número decrescente de presenças, Belenenses, Vitória de Guimarães, Vitória de Setúbal, Académica de Coimbra, Sporting de Braga, Boavista, Atlético, Barreirense, CUF, Leixões, Estoril... e Varzim Sport Clube. Tesmos, pois, os poveiros num excelente 15º. lugar, com 18 presenças, tantas como o Salgueiros, cujo currículo global, em termos de classificações, é inferior ao dos varzinistas. Com a sua próxima entrada na I Divisão, o Varzim igualará o Estoril (19) sem o destronar, ainda em desempate por classificações obtidas.
Retira-se do exposto, que o Varzim é um dos "históricos" do Campeonato Nacional da I Divisão de futebol. E pode também retirar-se da estatística um significativo bloco de números. Assim, os poveiros disputaram 516 jogos, obtiveram 145 vitórias, empataram 151 vezes e averbaram 220 derrotas, marcando 547 golos e sofrendo 756; o somatório de pontos eleva-se a 441, com médias de 0,85 por jogo e 42,6 de rendimento em percentagem.
Nas linhas que se seguem, teremos, em retrospectiva, uma apreciação mais ou menos pormenorizada das presenças intercalares do Varzim no Campeonato de topo, onde várias equipas suas foram do bom (um quinto, um sexto, dois sétimos e dois oitavos lugares) ao mau (lugares de fim de tabela e consequentes despromoções).
A estreia do Varzim na 1ª. Divisão Nacional remonta à temporada de 1963/64, de parceria com outro inédito na competição, o Seixal, por troca com os despromovidos da época anterior, Feirense e Atlético. Campeão Nacionall da 2ª. Divisão, o Varzim entrava num nova etapa da sua história.
No torneio em que os poveiros eram neófitos, eram as 14 equipas em presença, Benfica, F.C.Porto, Sporting, Vitória de Guimarães, Desportivo de CUF, Belenenses, Vitória de Setúbal, Leixões, Académica, Lusitano de Évora, Olhanense, Barreirense e os recém-chegados Varzim e Seixal. No termo do Campeonato - ganho pelo Benfica, à frente de portistas e sportinguistas - o Varzim classificava-se num meritório 10º. lugar, com 8 triunfos, 4 empates e 14 derrotas, um goal-average de 37-57 e um total de 20 pontos, precedendo o Lusitano de Évora, o Seixal, o Olhanense e o Barreirense (despromovidos).
Era o início de uma série de oito participações consecutivas dos varzinistas no "Nacional" primodivisionário, com a melhor classificação a ser obtida na época de 1969/70: um relevante 6º. lugar, averbando 28 pontos (tantos como os dos terceiros e quartos da tabela, barreirenses e vimaranenses). Uma dezena de vitórias, 8 empates e 8 derrotas, com saldo positivo nos golos marcados e sofridos (31-26), parecia prenúncio de futuro desanuviado, mas, na temporada seguinte, 1970/71, seria o descalabro: com os 18 pontos conseguidos, a equipa da Póvoa afunda-se no último lugar e regressa à 2ª. Divisão, juntamente com outro nortenho, o Leixões. A despromoção não foi, no entanto, evitada por um fio: o nono classificado, o Tirsense, apenas arrecadou mais dois pontos do que o Varzim. O equilíbrio do Campeonato, exclusão feita aos cinco primeiros, ia, aliás, do sexto classificado, o Boavista com 22 pontos, ao lanterna vermelha.
Estava consumada a primeira descida da 1ª. Divisão Nacional.
Regresso:
- Cumprida a "pena" de cinco épocas de afastamento, o Varzim, treinado por António Teixeira e outra vez adornado com o título de campeão nacional da 2ª. Divisão, regressa ao patamar superior em 1976/77, já com o Campeonato integrando 16 clubes. Uma carreira que surpreende muita gente leva os poveiros ao sétimo lugar final, por força de 10 triunfos, 11 empates e, apenas nove derrotas, para um total de 31 pontos - menos três do que o quarto classificado, o Boavista.
O prometedor regresso não tem confirmação na temporada seguinte (10º. lugar, com 25 pontos), mas a época de 1978/79 faz a felicidade de todos os poveiros: o Varzim conquista o quinto lugar da prova, logo a seguir a um quarteto constituído por F.C.Porto - bi-campeão com José Pedroto -, Benfica, Sporting e Braga. Atrás dos varzinistas ficam pela ordem, Guimarães, Setúbal, Belenenses, Boavista e Marítimo. O Varzim assenta a excelente classificação - que ficaria, até hoje, como a melhor de sempre na história da colectividade - num total de 32 pontos, produto de 11 vitórias, 10 empates, 9 derrotas, 30 golos marcados e 29 consentidos.
Temporada de 1979/80 e baixa de posto: de quinto para décimo (26 pontos, menos dois do que o sétimo, o Espinho). Prestação média, podia dizer-se, e longe de ser alarmante, em termos de futuro próximo. Só que a realidade traria, na época seguinte, mais uma vez, a frustração: com 8 vitórias, 8 empates e 14 derrotas, 27 golos obtidos e 31 sofridos, a equipa varzinista não logra mais do que um antepenúltimo lugar (à frente do Marítimo e Académica de Coimbra), insuficiente para a manutenção. Acima do Varzim, com mais um escasso pontinho, Amora e Académico de Viseu escapam ao castigo.
Para a gente da Póvoa do Mar, é, de novo, o "ostracismo" na Divisão nº. Dois, mas só por um ano. O Varzim estaria de regresso na temporada de 1982/83.
Segunda descida... novo regresso... e, nova descida.
Ora leiam p. f.:
- A uma primeira série de oito presenças e a uma segunda de cinco iria seguir-se uma terceira ... de três. No campeonato do reencontro com os primodivisionários, a equipa poveira não vai além de uma prestação sofrível: classifica-se no 12º. lugar, com 26 pontos (8 vitórias, 10 empates, 12 derrotas, 23-39 em golos). Na prova seguinte (1983/84), melhoraria: nono lugar, com 29 pontos, tantos como o Rio Ave (oitavo por benefício do goalaverage global, coisa da época, já que os poveiros tinham sido superiores no mano-a-mano, com 1-0 e 1-1).
E, nesta terceira série, às três ... foi de vez. Uma prestação verdadeiramente calamitosa, a pior de sempre, precipitou o Varzim no penúltimo lugar da classificação, com 17 pontos derivado de duas (!) vitórias, 13 empates e 15 derrotas (23-49 em golos). Pior, nesse "Nacional"de 1984/85, só o minhoto Vizela (15 pontos).
Não foi longa a espera para nova promoção: em 1986/87, o Varzim estava de volta e com tal determinação quer terminaria a corrida de 30 jornadas em sétimo lugar, a um curto ponto do sexto, ocupado pelo Belenenses. No quadro definitivo, 8 triunfos, 13 empates e 9 derrotas, com 24-29 em golos. Curiosidades da carreira dos poveiros: das oito vitórias, sete foram alcançadas em casa, ocorrendo a restante em Faro; na Póvoa, ainda, seis nulos e apenas duas derrotas, precisamente, diante de dois tripeiros, F.C. Porto e Boavista. Ainda relativamente à equipa portista, realce para o empate a zero registado nas Antas.
E vem o Campeonato de 1987/88, com uma novidade de curtíssimo futuro: o alargamento dos participantes para 20 equipas. Ao cabo da maratona de 38 jogos, o Varzim não conseguia melhor "prenda" do que o 17º. lugar (30 pontos), precedendo, tão somente, um trio constituído por Rio Ave (28), Salgueiros (25) e Sporting da Covilhã (21). A "prenda" do Varzim estendeu-se, aliás, nessa época, à Académica e ao Elvas, além do terceto da cauda: tudo somado, seis equipas engolidas pelo abismo.
No golpe de infortúnio que colocaria o Varzim em "vinha de alhos", em escalões secundários, por mais nove anos, a equipa poveira registou 7 vitórias, 16 empates e 15 derrotas, com um desconsolador goalaverage de 31-52. O título caberia ao F.C.Porto de Ivic, com 66 pontos, mais 15 do que o Benfica, mais 18 do que o Belenenses e mais 19 do que o Sporting. Nota: na equipa dos "dragões", brilhavam dois homens que já tinham defendido o emblema varzinista, André e Rui Barros.
Iam-se, em 1987/88, uma outra vez, os anéis, mas voltavam a ficar os dedos. Ou seja: a esperança do retorno à I Divisão. Que aconteceria na temporada de 1997/98, dez anos depois, sob o comando técnico de Horácio Gonçalves e o leme entregue ao presidente Lídio Marques.
O Varzim faz uma primeira metade da época 1997/1998, simplesmente espectacular, chegando mesmo a merecer comentários de gente distinta da crítica desportiva, como por exemplo o saudoso Alfredo Farinha de A Bola, quando lhe atribuiu "a equipa que melhor futebol estava a praticar em Portugal". Isto tem direitos de autor(es), jogadores da altura (entre eles estava Paulo Piedade e Miranda, p. exemp., o treinador era Horácio Gonçalves e a Direcção era liderada por Lídio Marques, a qual tinha como Chefe do Departamento de Futebol o Sr. Luís Oliveira ), é justo recordarmos. Só que aquilo que de bom foi feito na 1ª. volta, seria atirado borda fora, num descontrolo de gestão do plantel e de exibições inesperadas do arco da velha, que levaram o clube a voltar à 2ª. Divisão (da Honra)...
Entretanto o testemunho da liderança directiva, é passado, em eleições ordinárias, para as mãos de Luís Oliveira, o "senhor dos anéis", como ficou conhecido. Com Rogério Gonçalves (a quem muitos jornalistas ou pseudo, chamavam de Horácio Gonçalves), faz uma primeira tentativa de subida que falha por uma nesga, no último jogo em Freamunde, muito por culpa de erro (casmurrice e alguma inexperiência na competição Liga de Honra) do Sr. Rogério Gonçalves (detectado por qualquer leigo em futebol e conhecedor do plantel do Varzim). Na época seguinte o Varzim novamente estaria no melhor escalão do futebol português. Mas por pouco tempo. Na 2ª. época desceria (2003/2004) para não mais voltar até aos nossos dias, porque muitos adeptos, infelizmente, jamais o voltarão a ver, nem no role dos melhores nem dos piores... antes pelo contrario.
Derrubado o "magistério", nas urnas, de Luís Oliveira, sucedeu-lhe o Senhor Lopes de Castro, decorria ainda a época de 2003/2004, com um "projecto para em três anos recolocar o Varzim na 1ª. Divisão", mas... ainda estamos na Liga de (sem) Honra.
Valeu a pena, não valeu?!
Como aperitivo para vermos o Portugal - Malta, nada mau. Agora para juntarmos o útil ao agradável, era vermos Portugal ganhar com a dignidade no topo.
Saudações Varzinistas e
Ala-Arriba Varzim!
Texto de Óscar Gomes