ANDRÉ-ANDRÉ, produto da escola varzinista
Pôr a carne no assador por amor à camisola, também se aprende no Varzim. E de que maneira!...
Habituei-me, ao longo de anos a fio, a ver e a sentir de bem perto, como se semeia na formação do Varzim. Só seguindo com regularidade o dia-a-dia vivido naquele canto das instalações desportivas do clube, (ainda que por obrigação de apoio familiar, a exemplo do que acontecia com muitos outros parentes dos atletas), entende e dá valor à prestação social que ali (naquele recanto), é prestado à sociedade, poveira e não só. Naquela "forja" de futebolistas, tem trabalhado arduamente muita gente ao longo da sua existência (futebol sénior incluído)! Do melhor que o futebol português já viu, por ali começaram a ser moldados. Seria fastidioso enumera-los, ainda que só os mais conhecidos!...
Fui um dos familiares que comungou dos sacrifícios que naquele anexo ao estádio do Varzim, são feitos por quem por lá passa. Sejam eles (ou tenham sido) dirigentes (grandes carolas, estes!!!), funcionários, técnicos, atletas ou simples familiares que retribuem (sabe-se lá com que esforço, na conciliação trabalho com a de transportador dos familiares/atletas de e para o campo de treinos! Só os próprios...) o prazer de verem os "putos" lutando, com muita alegria e muita ilusão, o sentirem defender o emblema de um clube que vão aprendendo a gostar e a amar pela vida fora, por muitas mais voltas que a vida deles dê! Quer venham a chegar ao profissionalismo, no clube e fora dele, quer fiquem apenas pela formação.
O Varzim continua com uma boa imagem no que toca à formação de atletas, saga que já vem de tempos remotos. Mesmo do tempo em que apenas havia dois escalões nas camadas jovens, os designados Principiantes e Juniores. O mais celebrizado fruto da formação do Varzim, continua ainda a ser Quim, o central que fez toda a carreira no clube, ficando na retina o seu enquadramento num quarteto defensivo, durante épocas a fio, ao lado de Fernando Ferreira, Salvador e Sidónio.
Hoje, ao entrar naquele rectângulo, em anexo ao mítico estádio poveiro, olho e comparo... Como era cuidado o campo de treinos do Varzim e, como hoje (mais de 20 anos volvidos), mostra tão deplorável aspecto de abandono!!! Já nem para cuidar do pelado... O que foi feito do aparelho que compactava a terra?
Muitas das melhores memórias desportivas dos varzinistas, acompanharão a entulheira que dentro em breve ali "nascerá", em nome de um futuro melhor do clube (estádio e campo de treinos, que a muitos custou a adquirir e a manter).
Mas nomes como os de Inácio dos jornais (o maior olheiro - das ruas da cidade - do Varzim de todos os tempos), Samúdio, prof. Tomé, Carvalhinho, Neca Milhazes, Tone Quim, Jorge, Justino, Quaresma, Manuel Gâmboa, Xico Laranja, Fernando Andrade, Prof. Tó João, Hélder Conceição, Cacheira, Alfredo Lapa e, muitos, muitos outros, jamais desaparecerão, da memória colectiva poveira, em particular, varzinista.
A formação no Varzim continua a dar frutos, nem sempre convenientemente aproveitados pelos responsáveis do clube...
Óscar Gomes