Fonseca; Pinto, Leopoldo, Quim, Artur e Lima Pereira.
Em baixo: Praia, Cacheira, Jarbas, Horácio e Zé Manel.
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É com enorme prazer que hoje voltamos a esta rubrica, cuja "data de nascimento" remonta ao "longínquo" ano de 2009. Aliás, data de nascimento deste blog. Aliás (outra vez?!), a ideia parece ter agradado...
Ora bem. A personalidade que escolhemos para hoje, é a de um futebolista genuinamente poveiro que melhor curriculum alcançou como profissional de futebol. O mais galardoado, quer ao serviço de clubes, quer ao serviço da nossa principal selecção (ou seleção) - António José LIMA PEREIRA. Um dos melhores centrais de sempre do futebol luso, tendo feito dupla na selecção nacional com outro genial central, o hoje diretor federativo Humberto Coelho. Este Lima Pereira é um, de uma mão cheia de "Limas Pereiras", com ligação familiar, de gerações diferentes e que ao longo dos anos, têm ainda hoje o nome na memória - pela positiva - dos adeptos dos clubes por onde passaram.
Mas este de quem falamos, trata-se sem dúvida do mais ilustre de todos. Ele levou bem longe o nome da terra que o viu nascer em 1952.
Hoje recordamos um dos defesas centrais mais sóbrios e eficazes da história do futebol português, formado no Varzim, com passagem pelo Rio-Ave e finalmente, com uma triunfal e longa passagem pelo FC Porto.
O longilíneo central que muito admirava o conterrâneo e mítico Quim, quando ascendeu aos seniores deparou-se ainda com a concorrência daquele central e ainda do consagrado Artur - o "Russo" - (e também poveiro, da freguesia de Terroso). Recordamos que em plenos treinos de conjunto, Lima Pereira era brindado com alguns amigáveis cachaços do veterano Quim que, de forma afectiva e brincalhona o chamava pela alcunha de "araminhos", dado naquele tempo de tempo, Lima Pereira ser alto mas muito franzino.
Ainda em relação a este central de requintadas qualidades (confirmadíssimas no F C Porto), correu na cidade que ele terá servido de moeda de troca com André. Ou seja, Lima Pereira depois de subir a sénior, tinha sido emprestado ao vizinho Rio-Ave ( épocas 73/74 e 74/75) na altura a militar na 3ª. divisão nacional, procurando emergir para patamares superiores, onde o Varzim há muito já conquistara galões no ranking nacional (14º.), enquanto André ("o Caxineiro", como agora muitos gostam de referir e acentuar...), veio acabar a sua formação no Varzim (2º. ano de juvenil), onde, mais tarde, viria ser titular indiscutível, tendo também ingressado depois no F C Porto, chegando-se a afirmar que o clube azul e branco, como contrapartida, terá fornecido o Varzim com camisolas de treino e botas usadas. Constou-se, é claro!...
Lima Pereira voltaria ao Varzim, regressaria com ele à 1ª. Divisão Nacional (sem, contudo, conseguir a titularidade (!?), porque o Varzim tinha dois colossos para aqueles lugares).
O (já falecido) treinador António Teixeira "embicava" (constou-se...) com alguma excessiva chamada de atenção que Lima Pereira suscitava em meninas de todas as idades... Corriam rumores que o austero técnico chegava a dar-se ao trabalho de saber a que horas o jovem Lima recolhia a casa!? " Num tava fácil!..."
Lima Pereira foi para o FC Porto na época 1978/79. É curioso que os responsáveis pela sua contratação vieram à Póvoa com o objectivo de observar outro jogador e acabaram por contratar o defesa central do Varzim, que nessa altura era muito pouco utilizado. Lima Pereira uns anos mais tarde, o confirmou numa entrevista: "nem sequer era titular indiscutível do Varzim quando fui para o FC Porto!". Daqui se infere como era tremendamente difícil alcançar a titularidade no Varzim daqueles anos dourados!
O poveiro de que falamos representou o clube azul e branco durante 11 (!) épocas consecutivas e teve o privilégio de se cruzar com 3 gerações de defesas centrais que representaram o FC Porto durante esse período. No entanto, foi apenas no início da década de 80 que se afirmou definitivamente no «onze» do FC Porto. Durante esse período, formou com Eurico (e mais tarde com Celso e Eduardo Luís, entre outros) uma dupla que se complementava na perfeição. Foram eles os centrais do FC Porto na final da Taça das Taças, em Basileia, e da Selecção nacional na fase final do Euro 84, em França. Mais tarde, e já depois de ajudar o FC Porto a conquistar a Taça dos Clubes Campeões Europeus (falhou a final devido a uma lesão contraída no FC Porto-Sporting, das meias finais da Taça de Portugal 1986/87), formaria com Geraldão nova dupla de sucesso no centro da defesa do FC Porto.
Apesar de na primeira época que representou o FC Porto só ter participado em 9 jogos, foi campeão nacional com José Maria Pedroto no célebre bicampeonato que o FC Porto conquistou depois do longo jejum de 19 anos. A partir daí, foi só somar títulos! Venceu as 3 competições (Campeonato Nacional, Taça de Portugal e Supertaça Cândido de Oliveira) disputadas a nível nacional, foi finalista da Taça dos Vencedores das Taças e venceu a Taça dos Clubes Campeões Europeus, a Supertaça europeia e a Taça Intercontinental.
A nível da Selecção, foi 20 vezes internacional por Portugal. A estreia com a camisola das quinas deu-se a 15 de Abril de 1981, num particular frente à Bulgária, em que foi chamado a substituir o benfiquista Pietra. Depois de deixar o FC Porto, no final da época 1988/89, Lima Pereira ainda representou o Maia, na altura a disputar a II Divisão nacional. Actualmente, continua a colaborar com o FC Porto no gabinete de prospecção e ao nível da observação de adversários.
Um poveiro com formação feita integralmente na cantera varzinista (passou pelas mãos do ardina Inácio então diretor e prospector de talentos nas ruas da nossa cidade, de treinadores como Carvalhinho e outros), que nos deve encher de ORGULHO.
Soubemos que Lima Pereira, últimamente passou por uma crise de saúde, com alguma gravidade. Entretanto, ao que apuramos, terá recuperado bem e, tendo até sido visto a assistir a um ou outro jogo do "seu" Varzim .
Uma saudação muito especial da tribuna para este poveiro e varzinista que deixou nome inscrito a letras de ouro nos clubes que serviu. Por isso o "especial"...